formação do conselho gestor do MUPE

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A formação do Conselho Gestor do MUPE contou com uma mostra de fotografias antigas do Sitio Cercado. O acervo esta sendo construido pelos próprios moradores. Palmira de Oliveira relata a historia de Dona Deuzita da Cruz, integrante de uma das primeiras familias do bairro.

Moradores do Sitio Cercado se reuniram neste sábado, na Associação de Moradores Vila Vitória, dia 22 de maio de 2010, para formar o Conselho Gestor do Museu de Periferia do Sítio Cercado (MUPE).

O Sítio Cercado é um dos bairros que mais cresceu em Curitba nos últimos 30 anos e foi o centro do maior movimento urbano por moradia ocorrido no Brasil. O bairro está sendo reconhecido pelo Instituto Brasileiro de Museus como território de interesse Histórico Nacional através do programa “Pontos de Memoria”, coordenado pelo departamento de Museologia Social do IBRAM.

O Conselho do MUPE foi constituido por 10 membros titulares e 10 membros suplentes representando as seguintes regiões do bairro: Vila Americana, Xapinhal, Osternack, Parigot de Souza/Coqueiros, Sambaqui/Novo Horizonte, Bairro Novo A,B e C, Campo Cerrado e Vila Rio Negro. A reunião contou com a presença da chefe de Núcleo de Museologia Social do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), Claudia Rose, e dos consultores dos Pontos de Memória, da Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI), Welcio de Toledo, Inês Gouveia e Daniel Mendes Fernandes.

links para o acervo e documentação do MUPE

www.mupesitiocercado.wordpress.com

www.acervomupe.wordpress.com

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José Alves dos Santos (Zuca). Morador da Vila Americana.

José Alves dos Santos, membro fundador do MUPE, abriu a reunião fazendo um breve histórico do Museu, desde o intercâmbio cultural entre a Associação Nossa Senhora da Luta, ACNAP e Casa Brasil no Xapinhal e o Museu da Maré e Museu de Favela (MUF) do Rio de Janeiro, em abril de 2009, o abaixo assinado pela fundação do MUPE, as primeiras oficinas do IBRAM, o projeto “Como voce vê o seu bairro” relizado nas escolas CAIC e Madre Teresa de Calcuta, as entrevistas com moradores antigos que estão sendo documentadas em video e as diversas reuniões realizadas nas comunidades do Sítio Cercado neste ultimo ano.

A ideia do MUPE é resgatar a história do bairro através do relato das pessoas, dos moradores, fortalecendo a cultura local. A gente fez um processo de sensibilização para a criação do MUPE que começou em abril de 2009, tivemos varias reuniões nas comunidades dentro desse pensamento e dividimos o Sítio Cercado em dez regiões através da história da ocupação urbana e das diferentes formas de acesso à moradia.

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Luci Otazia Ribeiro Valente. Moradora do Sambaqui.

Sou moradora do Sambaqui. A gente vem de uma longa história de luta pela moradia e o Sítio Cercado é um bairro que nasceu de luta por moradia. O que eu mais gostaria de frisar aqui é a importância desse museu pra nós, o MUPE, porque eu sei que cada vila do Sitio Cercado, ela tem a sua história, e infelizmente a nossa história fica adormecida e a mídia conta uma outra história que não é a nossa história.

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Geraldo Batista. Morador do Xapinhal.

“A história do Xapinhal começou ali pelos anos de 1983, 84. Em outubro de 1988 nós entramos no Xapinhal. A organização foi feita pelo Xaxim, Pinheirinho e Alto Boqueirão. Foi uma situação bem complicada. Nós ficamos mais de um ano em baixo de barraco de lona, aonde morreu criança. Era um banhado, não tinha banheiro pra gente usar. Eram feitas aquelas patentes, todas cheias de água, e não tinha estrutura nenhuma pra fazer um banheiro mais decente. Fomos ameaçãdos de despejo pelo prefeito na época. Nós passamos ali situações complicadas. A gente frazia segurança de dia e de noite em volta do acampamento. Na verdade na época nós estavamos em 3.200 e familias. Foi bastante dificil a situação. Chuva, frio, a lona as vezes não aguentava, qualquer pé de vento jogava, atorava as lonas, dai vinha a chuva e molhava tudo. Depois foi liberado pra gente fazer umas casinhas, umas meia água de 3m x 6m. Muitas familias desistiram, não aguentaram. Dai que veio a COHAB e comprou os terrenos. Foram colocados 1060 lotes. Nós estamos lá até hoje. Ainda é complicada a situação porque nós terminamos de pagar os terrenos e até hoje a COHAB ainda não deu a escritura pra gente. A gente está nessa briga ainda. A luta sempre continua.

A gente começou a se organizar e na época a gente não falava em ocupação. A gente falava que tava indo pra viagem. Até que a pessoa no dia chegou e perguntou: vocês estão preparados pra viagem? Estamos. Entao cada um vai pra sua casa pega a sua lona4 e meia noite a gente se encontra, E aí todo mundo saiu se abraçando e chorando. É mais ou menos assim a história do Xapinhal.”

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Francisco Ramos (Seu Chiquinho). Morador do Campo Cerrado.

A história do Campo Cerrado é uma história semelhante ao Xapinhal. Foi invadido lá no dia 2 de novembro de 1990. Na época não era da gente, né? Então a gente invadiu. Aí depois nós ocupamos. Ficamos numa situação bem dificil. Era um local onde a cidade toda jogava lixo naquele setor. Barraquinho de lona, a situação era complicada. Daí deu muita chuva, e veio também ataque da policia, Tivemos a polícia em cima querendo que o povo saisse de qualquer forma. È uma historia muito longa, dificil até da gente relembrar. A gente tenta lembrar o melhor, mas, sempre aquela história fica marcada.

Hoje graças a Deus está bem melhor e tem bastante coisa ainda pra ser melhorada. A gente está com o terreno pago mas ainda não conseguimos os nossos documentos de quitação para escriturar. Mas esperamos que cheguemos lá, assim como a gente chegou ate aqui, chegaremos lá, se Deus quiser.

Nós achamos bastante importante este processo deste museu porque reaviva a memória dos mais velhos para deixar para os mais novos. Muitos dos mais novos que estão naquela situação que estão não sabe de que forma que aconteceu tudo isso.

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Adenival Alves Gomes. Morador do Parigot de Souza.

O caso do Parigot foi lá pelo final dos anos 70, muito naquela explosão do pessoal que veio do campo. O governo ferderal mandou erradicar as lavouras de café e as pessoas abandonaram o campo. Naquele ano o Paraná perdeu em torno de 1 milhão de pessoas que foram para outros estados. Em 1970 a populaçao rural do campo era 73%, em 1980 era 40% aqui no Paraná, só para você ver a migração que teve, e Curitiba começou a inchar. Naquela época ainda tinha programas como esse que agora está fazendo o governo federal como o “Minha casa minha vida”, tinha era construção de conjuntos habitacionais. Aqui, naqueles anos, foi construido o Jardim Paranaense e vários conjuntos: Euclides da Cunha, Santa Ines, Tiradentes, no mesmo ano Parigot de Souza, Salgueiro, Oswaldo Cruz 1 e 2, Guaporé 1 e 2. O Parigot de Souza é fruto disso. Ai, é claro, depois do conjunto entregue, começou a luta por escola, por posto de saúde.

A gente vai fazer esse resgate da história com os moradores mais antigos e tem que ter um momento pra contar também esta luta do movimento de moradia, das ocupações do Xapinhal, do Campo Cerrado, do 23 de agosto, pois canta-se em prosa e versa o Bairro Novo, que é um grande programa sem dúvida, mas, não se canta que isso foi uma conquista do movimento e de uma luta popular.

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José Aparecido da Silva. Morador do Bairro Novo C.

Depois desta riqueza de historias todas eu vou falar um pouquinho só. Eu participei dos movimentos sociais de moradia na época da invasão do Banestado. Saiu o Sambaqui depois da invasão do Banestado. Eu sou do bairro novo C, que era um bairro meio abandonado, as ruas meio esburacadas. A participação do povo é muito importante e o Bairro Novo hoje se transformou numa cidade. Está com as ruas asfaltadas, bonitas, mas por causa da participação popular. O MUPE veio tambem para enriquecer esta cultura, esta história. Eu trabalho na Radio Comunitária aqui no bairro e quero participar do MUPE trazendo os violeiros de toda a região.

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Arlinda Messias dos Santos. Moradora do Osternack.

Vou lembrar um pouquinho da história do Osternack. A gente é morardora de lá há 30 anos. A dificuldade que nós tivemos quando entramos na nossa Vila. Naquele tempo era uma vila isolada, era considerada uma área mais rural. Não tinha nada, não tinha benfeitoria nenhuma, não tinha nem ônibus. Quando chovia no Rio Padilha derrubava a ponte a gente ficava lá isolada. Não tinha rua, cada um abria a sua rua. Melhorou depois que teve essa ocupação. O Campo Cerrado, aqui onde entraram muitas famílias. A pressão do povo começo a ajudar a gente a conseguir as coisas. A gente começou a brigar junto, e dizem que a união é força, dai foi em 1990 que teva a ocupação do Campo Cerrado e em 91 a de 23 de Agosto. Dai veio um monte de gente e ajudou a gente a melhorar a vida. O Bairro Novo foi feito por causa destas duas ocupações, a do Campo Cerrado e a de 23 de Agosto.Os que chegaram primeiro sofreram demais. Não tinha água, não tinha luz, não tinha nada.

A noite de 23 de agosto foi bastante sofrida. Se existiu um dia do juizo foi aquele dia. Tava tudo calmo quando a gente chegou à meia noite, mas lá pelas 3 da manhã chegaram os tratores e começaram a destruir tudo, A gente viu a união do povo. Veio o padre, o pastor tudo junto rezando. Se ficassemos ali eles passavam por cima. Quem tava lá é quem viu. Ninguém existe que ocupa a terra e que não tem sofrimento.

 

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Vera Lucia Soares Peres. Moradora do Osternack.

Meu nome é Vera. Eu entrei no dia 23 de agosto. Eu comecei a fazer parte do movimento a partir do dia que eu tomei consciência de que se eu não entrasse na luta eu não iria conseguir ter uma moradia digna. Morar em área de risco, barraco, favela não é morar com dignidade. A gente queria um projeto de loteamento, ter moradia, ter como pagar. A gente não queria ocupar, confrontar com ninguém. Mas, como ninguém deu atenção, a gente ia e voltava e nada de resposta nós fomos obrigados a entrar mesmo e pressionar. Não é só a terra que é importante. A gente luta pela saúde, pela educação, pelo meio ambiente. A luta nossa é tudo isso.

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Palmira de Oliveira. Moradora do Bairro Novo B.

Quando eu vim morar pra cá eu perguntava: O que é que eu vou fazer neste fim de mundo? Como que eu vou trabalhar? Eu era enfermeira e tinha que trabalhar de branco. Dai enrolava as calças com saco plástico pra sair de casa, chegava no ônibus e tirava aquilo e guardava numa sacola. Eu chorava todo dia. Agora não saio mais daqui, peguei gosto pelo bairro. Hoje muita coisa mudou, melhorias, posto de saúde, e eu falei: vou morar neste bairro, vou criar meus dois filhos aqui e lutar para que fique cada vez melhor.

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Cláudia Rose, chefe do Núcleo de Museologia Social do IBRAM, e os consultores dos Pontos de Memória: Wélcio de Toledo, Daniel Mendes Fernandes e Inês Gouveia.

Gostaria de falar que o Ibram é um instituto criado recentemente pelo Ministério da Cultura; tem um pouco mais de um ano. Mas, o trabalho com museus não é novo, e era feito anteriormente pelo IPHAN, através do seu Departamento de Museus. Importante lembrar que o IPHAN nunca trabalhou apenas para os museus federais, os 28 museus. Sempre teve esta abertura para outras iniciativas museológicas. O trabalho foi crescendo porque os museus foram adquirindo uma importância maior, começaram a trabalhar com outras dimensões do patrimônio, não só do ponto de vista de guardar objetos mas começaram a dar atenção à memória. Na maioria das vezes e historicamente quem escolhia o que devia estar nos museus era uma elite. E essa foi a grande mudança que foi acontecendo não só no Brasil, mas, no mundo todo, que é a de ter outra perspectiva das comunidades que também querem contar suas histórias e que a sua memória de luta fosse reconhecida como algo importante, como de fato é. Por exemplo, por que só a pena que a Princesa Isabel usou tem que ser guardada e mostrada. Porque e neste caso aqui nosso, não guardamos a caneta que as pessoas usaram para assinar o abaixo assinado para conseguir um posto de saúde? Então isso foi mudando. Principalmente porque as comunidades começaram a reivindicar seu direito à memória. Isso não veio de cima para baixo.Toda essa movimentação fortalece a idéia de então se criar o Instituto Brasileiro de Museus. Com o objetivo de atender as diferentes demandas do ponto de vista de museus, tanto os tradicionais como os que agora estamos criando, os museus sociais. Por isso, em parceria com o Ministério da Justiça, através do Pronasci e a OEI – Organização de Estados Interamericanos, o Ibram começa desenvolver o projeto Ponto de Memória. Que é justamente o projeto que visa o reconhecimento das iniciativas nas comunidades. Então, os técnicos do Ibram que somos nós, vão nos lugares indicados pelo Pronasci e lá irão reconhecer onde existem estas demandas pelo trabalho de reconhecimento da sua memória. O Sitio Cercado foi um bairro escolhido primeiro porque foi indicado pelo Pronasci e segundo por existir este desejo e organização da comunidade.Surgiu inclusive de um contato anterior do Professor Mario Chagas, diretor de processos museológicos do IBRAM, com o Octávio aqui de Curitiba e que coordena junto com vocês este processo aqui. E hoje foi muito importante ouvir todas estas histórias e ver como não só as comunidades querem suas memórias sejam reconhecidas, mas que as sejam também em museus. E museus diferentes como o MUPE. Museu da Periferia. Mas que temos certeza que não falará somente das coisas daqui, mas que terá como preocupação dialogar com outras experi6encias do país. Vocês mesmo relataram que o começo deste processo foi através de um intercâmbio com artistas dos Morros do Rio de Janeiro que vivenciam a organização de museus como este.

A memória, portanto, é um direito. E não é menos importante que o direito á moradia, á saúde e educação, por exemplo. Porque todos estes direitos só foram conquistados com muita luta. E muitas vezes marcado por tristezas. Mas, tristeza maior é imaginar que as gerações futuras não terá conhecimento desta história de luta. Então, que temos que compreender e lutar pela memória como direito fundamental.

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Sobre encaminhamentos:

Daqui até o fim do ano temos dois momentos importantes: um que vai acontecer do dia 12 a 16 de julho, que é o Fórum Nacional de Museus, que será em Brasília. E de cada ponto de memória participará um integrante. Estamos organizando para que neste momento façamos exposição dos pontos de memória. E o segundo momento é a Teia que acontece todo ano em dezembro, que irá encerrar este período do trabalho dos pontos de memória.

Além destes eventos, nós estamos organizando um calendário de oficinas para os pontos de memória. A primeira será dada em junho, que é a oficina Museu, Memória e Cidadania, para aprofundar conceitos da museologia. Debater sobre o que Museu e Memória tem a ver com cidadania, entender os tipos de museus, entre outros conteúdos. Também estaremos acompanhando com técnicos que voltarão aqui o processo que vocês já estão fazendo que é o inventário participativo. O que é isso? Essa coleção de materiais, objetos nós ensinaremos como pesquisar tudo isso, como registrar , organizar e catalogar. E de que forma a comunidade será envolvida neste processo. E a partir deste inventário, a comunidade vai pensar num produto de divulgação. Para poder divulgar ao bairro mas também para fora dele.E para fazer este produto e também o inventário, os Pontos de Memória receberão uma verba do IBRAM. Acreditamos que entre agosto e setembro o repasse seja feito.

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Fotos: Gilson Camargo

Conselho Gestor do MUPE – Museu de Periferia do Sitio Cercado:

Vila Americana
Titular – José Alves Afonso Filho (Zuca)
Suplente – Marcelo Souza Rocha

Xapinhal
Titular – Catarina Pereira Passos dos Santos
Suplente – Antonio Pinheiro de Jesus Filho

Osternack
Titular – Arlinda Messias dos Santos
Suplente – Frederico Pinheiro

Bairro Novo – A
Titular – Simone Raia
Suplente – Roberto Fernandes

Bairro Novo – B
Titular – Palmira de Oliveira
Suplente – Heliel Marcilio Barbosa

Bairro Novo – C
Titular – José Aparecido da Silva
Suplente – Sueli Siqueira

Campo Serrado
Titular – Maria das Graças de Moura
Suplente – Luiz Antônio Aparecido Belotte

Sambaqui / Novo Horizonte
Titular – Luci Otazia Ribeiro Valente
Suplente – Joel Alves da Silva

Parigot de Souza / Coqueiros
Titular – Adenival Alves Gomes
Suplente – Sebastião Roberto Cardoso

Vila Rio Negro
Titular – Valmir de Souza
Suplente – Moacir Gonçalves da Silva

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Fonte da Matéria:  www.vanhoni.com.br

Acervo Mupe – Escola Guilherme Lacerda Braga Sobrinho (CAIC) – Como você vê o seu bairro?

Alunos da Escola Guilherme Lacerda Braga Sobrinho (CAIC), no Sítio Cercado, mostraram seus desenhos e redações sobre o bairro neste sábado, dia 21/11/2009 durante a comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra. São mais de 150 desenhos e redações produzidos por alunos de diferentes faixas etárias do ensino fundamental. A proposta de documentação é do MUPE – Museu de Periferia do Sitio Cercado – em fase de implantação como Ponto de Memória e conta com a orientação em metodologia e processos museais da equipe técnica do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus. Os trabalhos foram exibidos em murais de cartolina. A atividade teve orientação da professora de história Simone Raia e será proposto em outras escolas do bairro em 2010.


A orientadora da atividade, professora Simone Raia

Os desenhos e redações estão sendo reproduzidos fotográficamente e transcritos pela equipe do MUPE seguindo critérios museolólgicos de documentação e arquivamento, e serão disponibilizados para o público como acervo digital na página do MUPE . A criação deste acervo permitirá a capacitação de moradores do bairro, através de oficinas de fotografia, em metodologias de reprodução digital de imagens e documentos, catalogação, arquivamento e disponibilização de conteúdos na internet

Link de acesso para o conjunto dos desenhos no acervomupe

A professora de História, Jenny Maestri Frank, que já desenvolve um projeto de museu itinerante, também realizou a atividade com suas turmas. A professora recentemente participou de um curso de museologia social oferecido pelo IBRAM.

O MUPE desenvolve projeto de pesquisa sobre a Memória Viva do Sítio Cercado através dos relatos e das representaçôes dos moradores. O bairro era praticamente uma área rural até o final da década de e 70 teve um crescimento gigantesco nos últimos 30 anos. Para além da história oficial produzida academicamente, os depoimentos expressam a mitologia ativa na comunidade sob a perspectiva de cada indivíduo, e indicam novos caminhos para o desenvolvimento social. Os desenhos revelam características locais presentes no imaginário dos alunos, dentre elas o grande adensamento habitacional, o trânsito de automóveis, a violência urbana, e os equipamentos de lazer das escolas, com suas canchas de esportes, gangorras e escorregadores.

mupe (museu de periferia do sítio cercado) – oficina do ibram “museu, memória e cidadania” – curitiba – 02/09/2009


O grupo de dança Ka-Naombo fez a apresentação de abertura da oficina “Museu, Memória e Cidadania” ministrada pela equipe do Departamento de Processos Museais do Ibram, no Sítio Cercado.

Moradores, artistas e representantes de associações comunitárias do Sítio Cercado, em Curitiba, receberam nos dias 2 e 3 de setembro a equipe do Ibram coordenada por Mário Chagas, dando sequência ao processo de implantação de um Ponto de Memória no bairro. A oficina “Museu, Memória e Cidadania” é a primeira de uma série de visitas da equipe do Instituto Brasileiro de Museus à comunidade. A previsão é de que uma exposição inaugural do MUPE ocorra ainda este ano, no final de novembro. O Ponto de Memória em Curitiba, que será o quarto do país integra um projeto piloto para a abertura de um amplo edital a partir de 201.

Mario Chagas, diretor do Departamento de Processos Museais do Ibram,  falou sobre a importância dos museus na construção da identidade dos grupos sociais e comunidades e sobre as diferentes formas como esta questão vem sendo abordada historicamente. A perspectiva do museu social trazida pelos Pontos de Memória em contraposição a uma conceituaçâo aristocrática e elitizada dos museus, busca trabalhar a memória de forma viva e dinâmica, valorizando mais o ser humano e sua potência de transformação da realidade do que fixando edificações ou objetos para serem protegidos e guardados. É um museu comprometido com a vida das pessoas e com o desenvolvimento da comunidade. Durante a oficina foram criados grupos de estudos entre os participantes para aprofundar as pesquisas sobre a história do bairro.


A oficina contou com performances de Hélio Leites e Kátia Horn  (Museu do Botão) e Efigênia Rolin (Museu Vida do Papel de Bala), artistas curitibanos de expressão internacional  com trabalhos relacionados a museologia contemporânea.

A participação de artistas e agentes culturais é essencial no processo de construção da identidade e valorização da memória, são eles os principais difusores das tradições locais e de sua atualização.

O MUPE surgiu como desenvolvimento coletivo de um intercâmbio cultural. A contadora de histórias Marilene Nunes e a cantora e compositora Afrolady estiveram na sede da Associação Nossa Luta em abril de 2009 para uma apresentação de contos e canções de suas comunidades. O evento oportunizou uma troca de experiências sobre os caminhos percorridos e os procedimentos que possibilitaram a criação do Museu da Maré e do MUF (Museu de Favela), instituições pioneiras no Brasil como Pontos de Memória.

O Ibram dará subsídio ao MUPE no processo de implantação do Ponto de Memória  com acompanhamento periódico e oficinas. A equipe é composta por Marcele Pereira e Joana Regattieri, Coordenadoras de Museologia Social e Educação do Departamento de Processos Museais do Ibram, e por Beatriz Lira e Welcio de Toledo, Consultores do Projeto Pontos de Memória da OEI – Organização dos Estados Íbero-Americanos.

Efigênia Ramos Rolim, com a iniciativa “Museu Vida do Papel de Bala”, recebeu a Ordem do Mérito Cultural 2008, premiação concedida a personalidades nacionais e estrangeiras que se distinguiram na área da Cultura.

Abertas as inscrições para a oficina do Ibram “Museu, Memória e Cidadania” com Mário de Souza Chagas nos dias 2 e 3 de setembro

Mário de Souza Chagas é poeta, museólogo, professor da UniRio, mestre em Memória Social e doutor em Ciências Sociais. Atualmente dirige o Departamento de Processos Museais do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus). Mário Chagas e sua equipe estarão ministrando a oficina “Museu, Memória e Cidadania”, que visa a instalação de um Ponto de Memória no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, nos dias 2 e 3 de setembro de 2009, na sede da Associação de Moradores Nossa Senhora da Luta. As inscrições podem ser realizadas por e-mail em museudeperiferia.mupe@gmail.com

Blog Vanhoni: Onde surgiu a idéia dos Pontos de Memória e qual a inscrição desta formulação nas políticas culturais brasileiras?

Mário Chagas – Os Pontos de Memória são uma especialização dos chamados Pontos de Cultura. Uma idéia que eu acho maravilhosa do então ministro Gilberto Gil. Ele mencionava a idéia do do-in antropológico. Era preciso tocar os Pontos de Cultura do Brasil para energizar esses pontos produzindo assim uma maior diversidade cultural. A medida que os Pontos de Cultura foram criados nós passamos a observar ali um trabalho de memória. Alguns deles se especializaram e se transformaram em Pontos de Memória, porque o foco de trabalho estava exatamente na memória. Muitas vezes as pessoas lidam com a memória como se ela fosse algo do passado. A memória não está no passado, ela está no presente. É a invenção do passado no tempo atual, é um olhar criativo. Sem memória não há criatividade. Não há hipótese de se criar absolutamente nada se não houver memória.

Blog Vanhoni: Qual a perspectiva de implantação dos Pontos de Memória, como é o caso do MUPE (Museu de Periferia) no Sítio Cercado, aqui em Curitiba, e que outras localidades no Brasil foram identificadas para receber este programa?

Mário Chagas – O Ministério da Cultura numa parceria com o Ministério da Justiça, desenvolveu um projeto que está no âmbito do Ibram que é o da criação de 11 Pontos de Memória no Brasil. Nós vamos fomentar o desenvolvimento desses pontos em cidades como Curitiba, no Paraná, onde vai se instalar um Ponto de Memória no bairro Sítio Cercado, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Brasília, Belém, Porto Alegre, São Paulo e Vitória

Será uma espécie de experiência piloto para o lançamento, no ano que vêm, de um edital ainda mais ampliado para a instalação de Pontos de Memória. Eles funcionam como museus sociais. Dentro do Ibram eu estou dirigindo o Departamento de Processos Museais. Neste departamento temos uma Coordenação de Museologia Social e Educação, e ali está o trabalho com estes Pontos de Memória dentro do Ibram. Nós temos dois departamentos que estão especialmente focados nisso. O departamento dirigido pela Eneida Braga, que é o Departamento de Fomento, Difusão e Economia de Museus e o Departamento de Processos Museais.

Nós estamos mobilizados no Ibram e no Departamento de Processos Museais para o trabalho no Sítio Cercado. Vamos iniciar uma oficina chamada “Museu, Memória e Cidadania”, esta é uma oficina que tem o sentido de mobilização e sensibilização dos participantes para a temática do museu compreendido como uma tecnologia social e a idéia de um museu cooperativo. Nós estamos trabalhando fortemente na direção da construção de museus cooperativos, museus que também produzem um saber cooperativo. Um saber que não é de um indivíduo. Um museu não depende de um indivíduo, ele se constrói no coletivo. Ele precisa do coletivo.

A oficina tem esse sentido, trabalhar a temática museu e trabalhar a memória também na perspectiva da criação. Não há criatividade sem memória. A memória como uma possibilidade também de futuro. Pela memória criamos novas utopias, novos futuros e finalmente a idéia de cidadania. Tanto o museu como a memória são direitos do cidadão. Os moradores do Sítio Cercado tem direito não só a visitar os museus existentes no Paraná, no Brasil e também fora do Brasil, mais ainda, tem direito de fazer o seu próprio museu. Esta é a ideia da oficina “Museu, Memória e Cidadania”. Nós temos outras duas oficinas que são a de Plano Museológico e a de Elaboração de Projetos. Trabalheremos em Curitiba a primeira delas e estamos animados com essa possibilidade.

Lei a entrevista completa em www.vanhoni.com.br

mupe – museu de periferia do sitio cercado – reunião 04/07/2009

O encontro do MUPE no Sítio Cercado do dia 04 de Julho contou com a presença de artistas e expressões da cultura local. É a terceira reunião da comunidade visando a criação de um Ponto de Memória no bairro. Na ocasião apresentaram-se os grupos Ka-naombo, com trabalho de dança inspirado nas tradições afrodescendentes, O Resgate, um grupo de hip hop gospel, e o Grupo de Capoeira Arte Raça. O abaixo assinado solicitando uma oficina do Ibram foi encaminhado pelo mandato do deputado Angelo Vanhoni ao diretor do Departamento de Processos Museais do Ibram, Mario de Souza Chagas, que confirmou o recebimento da solicitação e pré agendou uma oficina para agosto, a qual ministrará pessoalmente, em data a ser definida.

O campo da museologia tem avançado muito no Brasil. O país contava com menos de 50 museus na primeira metade do século passado. Hoje são mais de 2.400 museus cadastrados oficialmente. O Governo Federal através dos pontos de memória tem incentivado o conceito de museu social, onde o direito à memoria se faz presente prioritariamente nas comunidades carentes, como estímulo ao fortalecimento de suas identidades culturais e usufruto da cidadania. A identificação do público com o patrimônio musealizado e sua utilização para gerar estímulos no sentido da conscientização e da ação sobre o real são hoje mais condizentes com o papel social esperado de um museu.

Grupo de Capoeira Arte Raça desenvolve trabalho social no Sitio Cercado integrando os jovens através da música e da dança

Os dois pontos de memória em funcionamento no Brasil, o MUF e o Museu da Maré, no Rio de Janeiro, estiveram em contato com a comunidade do Sítio Cercado através da visita das contadoras de histórias Afrolady e Marilene Nunes, em abril deste ano. O encontro, promovido pelo mandato do deputado Angelo Vanhoni em parceria com o Ibram, tinha por objetivo estimular os moradores do bairro a contarem a história da região, identificando seus valores culturais, apropriando-se das características e costumes locais como patrimônio comum na construção de sua identidade

A Política Nacional de Museus, que vem sendo implementada pelo Ministério da Cultura desde 2003, agora conta com um órgão específico para gerenciar e valorizar os museus em todo o país: o recém criado Instituto Brasileiro de Museus – Ibram. Programas como os Pontos de Memória são uma frente ativa da polítca museológica na área social e prioridade do novo instituto. O Rio de Janeiro será a cidade sede da 23ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (ICOM), marcada para junho de 2013. Depois da árdua disputa entre Moscou e Milão, o Rio ganhou com 53,2% dos votos apresentados pelos 170 Comitês Nacionais e 30 Comitês Internacionais de Estudos do ICOM. A decisão, tomada na sede da Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação) – em Paris – demonstra a visibilidade e o papel de liderança que o campo museológico brasileiro vem assumindo no plano internacional.

O processo de sensibilização para a criação do MUPE vem contando com o apoio logístico da Associação Nossa Senhora da Luta, da ACNAP/Casa Brasil, Associação de Moradores Vila Vitória,  e o Pontão de Cultura Soylocoporti.

No evento do dia 04 de julho fizeram se representar os seguintes grupos e Associações

Associação comuitária Vila Vitoria – movimento de mulheres

Associação de Moradores Nossa Luta

Associação de Moradores e Amigos do Bairro Novo C

Conselho Comunitario de Segurança do Sitio Cercado

Grupo de Capoeira Arte Raça

Grupo Resgate – (Hip Hop)

Casa Brasil

ACNAP – Associação Cultural de Negritude e Ação Popular

Soylocoporti – Pontão de Cultura

Fotos: Michele Torinelli

mupe – museu de periferia do sítio cercado – abaixo assinado solicita oficinas do ibram para criação de um ponto de memória na comunidade

Moradores do bairro Sítio Cercado, em Curitiba, reuniram-se na Associação Vila Vitória, no dia 22/05/2009, com o objetivo de criar um Ponto de Memória na comunidade. O encontro resultou numa lista de assinaturas solicitando uma oficina de museologia ao Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM. Uma próxima reunião foi agendada para o dia 04 de Julho de 2009 na atual sede da ACNAP/Casa Brasil. A carta é endereçada à Mário de Souza Chagas, Coordenador de Processos Museais do IBRAM.

Os Pontos de Memória são uma iniciativa do Programa Nacional de Justiça com Cidadania – PRONASCI, uma parceria entre o Ministério da Justiça e o Ministério do Cultura – MinC. Em abril deste ano a ACNAP / Casa Brasil, no Sítio Cercado, recebeu a visita de contadores de histórias do Rio de Janeiro vinculados ao Museu da Maré e ao Museu de Favela – MUF para uma troca de experiências sobre a implantação dos Pontos de Memória em suas comunidades

Moradores do Sítio Cercado e amigos do MUPE – Museu de Periferia, presentes na reunião do dia 22/05/2009

O texto abaixo foi  lido por José Afonso Filho ( Zuca), durante a reunião na Vila Vitória em 22/05/2009. Trata-se de uma compilação de relatos sobre as primeiras familias que ali residiram e conta a história do bairro até 1987.

“O nome do atual bairro Sítio Cercado encontra a sua origem no passado de um sítio de 175 alqueires com o mesmo nome. Cercado pelas águas dos arroios da Padilha, Cercado e Boa Vista. O seu proprietário era o Sr. Laurindo Ferreira da Cruz, nascido em 22/12/1862, e casado com Maria Pereira de Andrade em 07/07/1888. A casa onde morava tinha 14 peças, era feita de pedra natural e de barro, e localizava-se onde hoje existe o conjunto de Moradias Olinda, no encontro das ruas Apucarana e Sertaneja. Além de criações de gado suíno e bovino, possuía também um pomar de laranjeiras, mimoseiras, figueiras e pessegueiros. O acesso ao sítio se dava pela linha seca através de um portão, hoje defronte a igreja de futurama. Com a morte do Sr. Laurindo em 23/05/1932, o sítio foi dividido entre os 3 filhos herdeiros: Júlia, Sezinando e Isaac. A Júlia, casada com Pedro Ferreira, ficou com a parte dos fundos do sítio, uma faixa de terra encostada no arroio Cercado. Ao Sezinando coube a parte do meio, hoje formada pelas vilas desde o Jardim Irati até o rio das Padilhas. Isaac ficou com a casa paterna e a área de frente do sítio hoje formada pela vilas Rio Negro e Santa Celeste, Isaac casou-se com dona Magdalena Claudino da Cruz que lhe deu 3 filhos: Deusita, Eurides e Isaíde. Em 1946 o Sezinando vendeu a sua parte à colônia dos Irmãos Menonitas, que para criação de gado leiteiro, distribuiu a área em faixas de terra entre os leiteiros alemães, de acordo com as condições e possibilidades de cada um. Em 1947, após a morte de sua filha Isaíde, o Isaac abandonou o sítio e se muda para o Pinheirinho onde ele constrói na entrada da estrada para Umbará uma casa e inicia o Posto de Gasolina Pinheirinho. O sítio foi entregue aos cuidados de seu agregado José Gonçalves e sua esposa Ana, que moravam numa casa localizada entre o portão e a casa original. Em 25/05/53 o Sr. Isaac F. da Cruz que já havia vendido 10 alqueires aos leiteiros alemães vende o restante da herança dele ao Sr Maciel Augusto José Bohn, Newton e Gilberto Agiber, que em sociedade começou a lotear a Vila Rio Negro. A Vila Santa Celeste será loteada já em 1972. O Sr. Domingos Campos adquiriu a chácara com a casa original, área entre as ruas Parecatu e Astorga, onde hoje se localiza o conjunto de Moradas Olinda. Em 21/04/1955, em circunstâncias bastante confusas e suspeitas, queimou a casa original. Falava-se de um suposto tesouro escondido nas paredes ou embaixo da casa. Por falta de infra-estrutura e interesse dos compradores a povoação do loteamento vai demorar bastante. Era considerada uma área sem futuro ou condições de progresso. É a partir dos anos 70, forçadas pelo êxodo rural, que milhares de famílias vindo inicialmente de Santa Catarina, depois do Norte do Paraná, vão ocupando os novos loteamentos. Os leiteiros alemães, pressionados pelo avanço da cidade, vendem as suas terras às companhias de loteamento e então vão surgindo os diversos loteamentos: Vila Americana (1968), Vila Nossa Senhora de Lourdes, Santa Joana, Jardim Tranquilo, Jardim Irati (1974), e outros. Mais tarde em 1978, a partir de uma ocupação da área por famílias sem casa surge a Vila Nova Aurora. É por fim em 1985, a partir das desapropriações feitas pela prefeitura municipal para assentamento de famílias que surgem as moradias Olinda e Del Rey. Hoje, em 1987, esta parte do Sítio Cercado conta com mais de 6 000 famílias ou 24 000 pessoas”

A memória do Sítio Cercado com seus pastos e gado continua viva através do Sr. José Gonçalves, Dona Ana e seus filhos Adis e Jorge que moram na rua Assaí, criando gado em terras alugadas fora do Sítio Cercado. Esta história foi escrita a partir de depoimentos da Dona Deusita, do Sr. Eurídes, Sr. Jango (filho da Dona Julia), o velho Maneco (empregado do Sr. Isaac) e o Sr. José Gonçalves.

fonte : Blog do deputado Angelo Vanhoni
www.vanhoni.com.br